Gramado – Jardim das Hortênsias.

Ao planejar uma viagem para passar o Natal de 2020 em Gramado com minha sobrinha e seu esposo, não imaginei, inicialmente, que teria que remarcá-la por duas vezes devido à pandemia. Mas, enfim, consegui viajar por nove dias ao Rio Grande do Sul, começando por Porto Alegre, depois o Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, e, ao final, hospedei-me por quatro dias em Gramado (clicar para ir ao mapa da cidade), curtindo a Noite de Natal de 2021 nessa cidade que tem tradição de ornamentar vários pontos para comemorar essa data, como pode ser visto nas fotos a seguir.

Eu já havia conhecido Gramado em 2012 e percebi nesses nove anos algumas diferenças e novos detalhes. Ressalto que minha primeira viagem foi no inverno e agora, no início do verão. Gramado traz uma sensação, em alguns momentos, de que você está numa cidade da Europa, por vários motivos, o mais expressivo é a presença marcante de casas e prédios típicos da arquitetura alemã, construídos no estilo enxaimel. Outro aspecto é sentir o tempo variar de dias claros e ensolarados para noites frescas e boas para dormir. Uma última característica é sentir a cidade limpa, ordenada, poucos semáforos, motoristas respeitosos e, pasmem, nos quatro dias em que estive em Gramado não presenciei briga nem acidente de trânsito, isso é um diferencial com outras cidades brasileiras. Assim é Gramado.   

A origem etimológica da palavra “gramado” refere-se a um “campo com grama”, ou seja, a definição para o nome da cidade veio, então, com a chegada dos primeiros desbravadores, já que a região foi primeiramente avistada, reconhecida e ocupada por “tropeiros” de ascendência açoriana que chegaram por volta de 1752 e se depararam com um vasto “campo gramado”, com relva verde e macia para o descanso do gado. Os descendentes de açorianos hoje não habitam a região da Serra Gaúcha, mas têm sua importância destacada e reconhecida como sendo os primeiros a se estabelecerem no território, tendo sido importante a figura de Tristão José Francisco de Oliveira, rico comerciante de tábuas e madeira falquejada (toras de madeira obtidas com corte de machado, de forma que as partes laterais são retiradas, formando uma peça de seção retangular. Seu uso é comum em antigos dormentes de madeira, estacas e pontes).

Os açorianos desembarcaram primeiro no porto do Rio de Janeiro, vindos do arquipélago dos Açores (território autônomo de Portugal), onde viveram e tiveram filhos. Mas, como não se adaptaram em terras cariocas, eles migraram para o sul do país. As terras de Tristão José de Oliveira e de outros açorianos ou descendentes foram sendo aos poucos vendidas aos colonos italianos e alemães, e era uma grande área, pois compreendia todo o atual centro de Gramado, desde o bairro do Mato Queimado, que fica ao norte, até o Gramado Tênis Clube, que fica próximo da avenida das Hortênsias com a rua Ângelo Bisol, no sul da cidade. De certa forma, era quase a metade do território atual ocupado com a área urbana do município. Hoje, a presença de colonos de origem italiana e alemã é predominante, mas quem primeiro ocupou e moldou o território em Gramado foram os açorianos.

Foto do site: https://portalrcc.com.br/a-imigracao-acoriana-no-brasil/

Outro aspecto relevante de Gramado, como na maioria das cidades da Serra Gaúcha, é a enorme adaptação das hortênsias, flores que vivem muito bem na temperatura amena dessa região, tanto que seu maior atrativo, bem como das cidades vizinhas, são os passeios por vinícolas e pequenos sítios rurais no período do inverno, onde a temperatura pode despencar a – 2º C. Um aspecto interessante é que a cidade de Gramado é conhecida como o “Jardim das Hortênsias”, como é bem destacado em seu brasão. Essas viçosas flores dão mais vida e beleza à paisagem. 

A Região das Hortênsias é o nome da área de colonização alemã no entorno de Gramado, e a flor foi plantada, pela primeira vez, numa encosta da cidade, por um imigrante alemão na década de 40. Aos poucos as hortênsias foram sendo cultivadas em jardins, praças, ruas e estradas e se transformaram no símbolo e no carro-chefe inicial do turismo de Gramado. É uma espécie que, dependendo do tipo de solo, apresenta flores azuis ou rosadas. A cor tipicamente azul-hortênsia das flores de Gramado deve-se à grande quantidade de alumínio no solo da Serra Gaúcha.

Creio que eu tenha conseguido destacar a importância dos açorianos na formação social e cultural de Gramado, além de ressaltar que a cidade começou a ter fama como polo turístico nacional a partir de seus belos jardins floridos de hortênsias. Demarcados esses aspectos, vou levá-lo a passear um pouco por essa cidade que atrai a atenção de mais de 6 milhões de turistas por ano. Posso dizer que, nesses quatro dias em que estive em Gramado, queria ter visitado e fotografado cenas mais bucólicas da cidade, como casas rurais de madeira, ranchos de pequenos sítios, moradias típicas alemãs, flores e mais flores, jardins e mais jardins, mas fiquei bem feliz com dois passeios que fiz em duas manhãs claras, com sol forte e céu azul.

O primeiro passeio que evidencio como imperdível é ir ao Lago Negro (clicar para ir ao mapa de sua localização). É um lugar deslumbrante, mas aviso que vá logo após o café da manhã, para poder desfrutar do local quase vazio, pois mais tarde fica bem cheio. Penso que em vários pontos turísticos no Brasil o poder público deveria monitorar o fluxo de visitantes, e o Lago Negro é um desses locais que seria mais preservado se tivesse esse controle. Nesse fim de ano, um sobrinho viveu dias de apagão na Ilha Grande. Conheço bem esse paraíso, mas sinto que a prefeitura de Angra dos Reis não monitora o fluxo de turistas para a ilha. No Brasil, pelo que eu saiba, essa medida só ocorre com a ilha de Fernando de Noronha.

Mas vamos ao passeio ao Lago Negro, que fui no dia 25 de dezembro bem cedo e ao chegar pude sentir uma emoção ao ver um local muito bonito, mais lindo ainda com um dia claro e ensolarado. Eu já o havia conhecido em 2012, mas naquela visita não pude aproveitar, pois fui no inverno e estava muito frio. Porém, nesse passeio, tudo foi diferente e atraente podendo caminhar por volta do lago, filmando e fotografando. Para aproveitar melhor o Lago Negro, sugiro que a visita seja feita num dia de sol, e assim poderá percorrer o seu entorno com calma e tranquilidade ou optar por um passeio de pedalinho, que tem formato de lindos cisnes brancos.  

O segundo passeio que indico a quem esteja pensando em visitar Gramado é o “Le Jardin – Parque de Lavanda” (clicar para ir ao mapa de sua localização), o primeiro espaço de exposição de lavanda no Brasil. O espaço foi aberto ao público, para visitação, em 2006, quando os donos da propriedade decidiram criar o parque no local onde moravam, com uma área de 4 ha de terras cultivadas com diversos canteiros de flores, plantas raras e exóticas, várias espécies de lavandas e uma estufa para a produção e comercialização de flores. Eu, antes de sair do Rio, elaborei um roteiro e descobri o “Le Jardin – Parque de Lavanda” (https://lavandas.com.br/), e então incluí a visita como prioritária e fiquei muito interessado em conhecê-lo, pois não sabia até então da existência de um espaço aberto à visitação com espécies de lavanda no Brasil.

Eu tive o prazer de conhecer algumas áreas de cultivo de lavanda na Provença Francesa, mas no Brasil desconhecia a existência de um parque específico dessa flor, que tem um maravilhoso aroma doce e suave. O Parque de Lavanda, em Gramado, tem várias outras espécies de flores: dálias, hortênsias, margaridas, rosas, begônias etc., e seus belíssimos jardins floridos e coloridos fazem com que o espaço do parque transmita paz e harmonia. Na lojinha do “Le Jardin”, o visitante pode comprar diversos produtos terapêuticos, ornamentais, culinários ou cosméticos de lavanda ou com o princípio ativo de outras flores. Um aspecto importante a ressaltar é que o valor da visitação ao parque, incluso o estacionamento, foi um dos mais baratos, já que senti nessa viagem que os preços estão bem salgados em Gramado.

Detalhes com arte e delicadeza no “Le Jardin – Parque de Lavanda”.

Bela decoração da lojinha do “Le Jardin – Parque de Lavanda”.

Como já citei anteriormente, os preços de quase tudo em Gramado, de forma geral, estão um pouco mais elevados do que o normal no Brasil, mas vale aproveitar uma esticada a Gramado depois de conhecer o Vale dos Vinhedos, que é um lugar que adoro, pois sou apaixonado por vinho. Sobre as vinícolas de Bento Gonçalves, aguarde um próximo post.

Mas agora vou dar uma dica para aqueles que querem fugir dos preços altos da hospedagem em Gramado e buscam reservar hotéis em Nova Petrópolis, que é linda. Mas vou destacar a sorte grande que tive em Gramado ao escolher para minha estadia o Hotel Querência, pois é excepcional, com tudo de primeira, um serviço de categoria cinco estrelas, num novo prédio recém-inaugurado. Além de tudo, tive o mais importante: o carinho, o acolhimento e a hospitalidade do gerente e de funcionários exemplares, como o Tiago e a Rosa. Para aguçar um gostinho de que, indo a Gramado, não pense em outro hotel, senão no Hotel Querência, destaco fotos do confortável e acolhedor hotel.

Mural de fotos do Hotel Querência

Que tal, então, passar alguns dias num bom hotel em Gramado?

Contatos do Hotel Querência:

1 – Reservas: (54) 99687 8132 ou (54) 3286 1709

2 – E-mail: contato@hotelquerencia.com

3 – Instagram: https://www.instagram.com/hotelpousadaquerencia/

4 – Site:  https://hotel-pousada-querencia-gramado-hospedagem-cafedamanha.business.site/

O blog ainda voltará a falar sobre as bucólicas e simpáticas moradias de madeira com seus lindos jardins em Gramado e nos arredores, além de outras propostas de passeios como o Parque Mini Mundo, em Gramado, e o Skyglass, em Canela, além de indicar bons restaurantes e outras lojas interessantes. Gramado é uma cidade que vem recebendo, a cada ano, muitos turistas, e o que se percebe é que vem se preparando para recebê-los muito bem, portanto merece uma visita, mesmo que seja por poucos dias. 

Foto de destaque retirada do site: https://iflyturismo.com/product/gramado/