Ao definir um roteiro em 2019 pela Grécia, já sabia que, dentre as ilhas a serem visitadas, a ilha de Paros (clicar para ir ao mapa de sua localização) era certa no meu percurso, por inúmeras vantagens, mas principalmente por ter ficado encantado com as belas vilas gregas na ilha, como: Lefkes, Piso Livadi, Parikia e outras. Defini então que precisava de quatro dias para poder conhecer com calma todas as vilas de Paros. Essa foi a primeira escolhida dentre as ilhas gregas no meu roteiro, então analisei bem o translado entre o porto de Pireus e as ilhas Cíclades. Visitei outros pontos da ilha de Paros, mas o meu encantamento por Lefkes (clicar para ir ao mapa de sua localização) começou antes de viajar, ao ver fotos deslumbrantes da vila, que se localiza no interior da ilha, construída próxima de uma colina coberta de pinheiros. É a mais alta vila da ilha e uma das maiores aldeias de Paros, com população de 850 habitantes.
Quando cheguei à ilha de Paros, vindo de Atenas, desembarquei no porto de Parikia (clicar para ir ao mapa de sua localização) e fui direto para o Hotel Fisilanis, localizado na praia de Logaras (clicar para ir ao mapa de sua localização), do outro lado da ilha. A escolha do hotel foi principalmente pela proximidade da vila de Lefkes, que queria conhecer, mas onde os hotéis eram bem caros e os outros fatores foram: localizado em frente ao mar e um bom preço. Estava tão determinado a desfrutar de Lefkes que no dia seguinte fui direto ao meu destino. Lefkes merece todo o destaque por possuir casas bem típicas da região do mar Egeu. Suas ruas são estreitas e na maior parte da vila é proibido o tráfego de carros, o que a torna tão pitoresca e aprazível. Assim que cruzei a porta de entrada de Lefkes, achei melhor ir direto até a praça onde se encontra a imponente Igreja Ortodoxa de Agia Triada. Com calma fiz o passeio de volta sentindo cada ruela, cada moradia, cada monumento e cada cantinho.
A Igreja Ortodoxa de Agia Triada, templo bizantino dedicado à Santíssima Trindade, fica ao final desse caminho. A construção dessa bela basílica com três corredores começou em 1830 e foi concluída em 1835. Ao entrar, vê-se o corredor central coberto por um arco e os corredores laterais com cúpulas abobadadas. Os corredores são separados por colunas de mármore. A linda fachada possui duas imponentes torres sineiras de mármore, e quatro colunas duplas, também em mármore que sustentam os três portões da igreja, sendo o do meio o mais alto e o mais imponente. Todo esse mármore foi extraído da própria ilha de Paros.
Depois da visita a Igreja de Agia Triada, com calma fiz o passeio de volta sentindo cada ruela, cada moradia, cada esquina, cada monumento e cada cantinho. Um aspecto interessante da ilha de Paros é que a partir do séc. VI a.C., um dos mármores mais puro e branco do mundo antigo começou a ser explorado numa pedreira no centro da ilha. Algumas das esculturas da Grécia Antiga foram esculpidas com o mármore de Paros, como a Vênus de Milo, Vitória Alada de Samatrácia e os azulejos do teto do Partenon. Hoje não se extrai mais o mármore de Paros, pois da mina principal não se permite a extração de blocos de mármore muito grandes, impedindo a realização de grandes estátuas.
Todas as casas em Lefkes estão conservadas, limpas, caiadas de branco e transbordando de flores coloridas, principalmente bougainvilles. Mesmo no início do verão, as floradas estão sempre exuberantes. Já passando da hora do almoço chego a uma pequena praça entre as ruelas de Lefkes, e vejo que a melhor opção é ficar por ali, sentado embaixo de uma árvore, ainda mais que era verão e estava bem quente. Quando cedo fui em direção da igreja, já havia percebido o restaurante Agiazi (Αγιάζι Καφέ), muito bem localizado num lugar bastante aprazível. Comi de entrada a salada grega com pepino, queijo feta, azeitona, tomate, pimentão, orégano e o bom azeite grego. Depois comi uma porção de mousaka, que amo.
Continuando a caminhar, chega-se à praça tradicional Bizantina, que é o ponto inicial da “Rota Bizantina”, uma estrada construída provavelmente no séc. X pelos bizantinos, com piso e muretas em pedras. Os bizantinos (gentílicos da cidade de Bizâncio, depois Constantinopla e hoje Istambul) ocuparam grande parte da Grécia durante mais de cinco séculos. Esclarecendo, os bizantinos não se definiam em sua época por esse nome, pois o termo “Império Bizantino” só começa a ser usado depois de 1557, ou seja, os bizantinos se conheciam por romanos do oriente. Mas enfim, a trilha bizantina é toda assentada em pedras e liga a vila de Lefkes a Prodromos e depois chega a Marpissa (clicar para ir ao mapa de sua localização), outra vila de Paros. Esse caminho de uns 7 km está resistindo ao tempo, assim como as antigas casas bizantinas de Lefkes, com suas portas baixas e janelas pequenas.
Antes de passar à vila de Prodromos, vou relatar algo muito interessante que ocorreu ainda na praça da Igreja Ortodoxa de Agia Triada. Após visitar a igreja sentei-me na taverna Kafénion para descansar, beber algo e contemplar a bela paisagem do lugar. Foi quando escutei o dono da taverna cobrando agilidade do rapaz que o ajudava com os clientes das mesas ao lado de fora. Até aí tudo bem, mas, como eu me sentei no interior, vi o dono da taverna entrar com uma bandeja com copos e outros objetos e, com uma rapidez impressionante, pegar um dos copos e beber o final da bebida provavelmente deixada por um cliente. Fiquei impressionado, mas me diverti muito com a cena.
Através de caminhada a partir de Lefkes pela Rota Bizantina, de ônibus ou de carro, pode se alcançar a vila de Prodromos (clicar para ir ao mapa de sua localização) e depois Marpissa que fica entre Lefkes e o litoral leste da ilha de Paros. São aldeias com encantadoras casas brancas decoradas com bougainvilles onde os becos e ruelas são pavimentados. Muito lindo. Suas ruas de pedestres são na maioria das vezes realmente tranquilas e relaxantes. Em Prodromos você encontrará pequenos cafés e restaurantes, se passar pela vila na hora do almoço e quiser experimentar a cozinha local, eu indico o bar e restaurante Kallitechniko Kafenio, que pode ser traduzido por Café Artístico. É um restaurante de Prodromos que agrada moradores e turistas, foi o local onde estive num final de tarde e me deliciei com um prato grego de almôndegas picantes com arroz de açafrão. A vila tem apenas 311 habitantes que vivem felizes nesse paraíso.
Dentre várias avaliações do restaurante Kallitechniko Kafenio de Prodromos, gostei muito de Dylan Highsmith, onde ele descreve como foi sua experiência com a ilha de Paros, a aldeia de Prodromos e o Café Artístico:
“Tropecei com este restaurante ao final da Trilha Bizantina de Lefkes a Prodromos. A trilha seguia para este pequeno oásis aconchegante e imediatamente tivemos que parar para comer alguma coisa. Aninhado neste cantinho aconchegante de Prodromos e rodeado por flores de bougainvilles, é exatamente isso que você imagina quando fecha os olhos e sonha com a idílica taverna das ilhas de Cíclades. O que não esperávamos era que a comida fosse tão deliciosa! (…) Este lugar é uma joia maravilhosa e uma das nossas experiências gastronômicas mais memoráveis nas ilhas gregas. Um tesouro absoluto! Kallitechniko Kafenio em Prodromos”. (Dylan Highsmith)
Marpissa é uma vila bem pequena, com apenas 591 habitantes, mas tem 13 igrejas ortodoxas. A vila tem o bar ou taverna – Charoula’s Tavern, que me pareceu bem interessante e ao pesquisar vi que tem boas avaliações, mas como eu visitei a vila num domingo à tarde o local estava fechado.
Num lindo domingo de sol conheci Lefkes e Marpissa, e à noite, antes de voltar para o hotel, passei pela vila de pescadores de Piso Livadi (clicar para ir ao mapa de sua localização), para relaxar e tomar um drink num bar. Terminava o dia caminhando feliz para a praia de Logaras, por uma estrada à beira-mar, subindo e descendo uma suave colina, que me levava para descansar no quarto do hotel, certo de que outro dia chegaria tão lindo quanto aquele que terminara. Os dias eram plenos de sol, luz, sons e cheiros, onde a fauna local se fazia presente com cigarras, grilos, andorinhas, tentilhões, gaivotas e outras aves marinhas. Essa é a sensação e a beleza que a ilha exala. Planeje uma viagem à Grécia (clicar para ir ao mapa de sua localização) e inclua Paros.
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Realmente essa salada grega é inesquecível!
Texto maravilhoso, sempre q leio seus textos, vejo fotos me sinto viajando com vc.
Estive em Paros e aproveitei para ir até Anti Paros. Paros realmente é uma ilha muito gostosa. Infelizmente não a conheci tão bem como vc, mas tenho claras e boas lembranças.
Belíssima ilha!! Fotos sensacionais!! Esse blog motiva e estimula a gente a viajar. Parabéns, Ronaldo!