Após concluir minha graduação de Bacharel em Geografia, ao final de 1983, na Universidade Federal Fluminense, conheci Bogotá em 1985, quando fui selecionado para fazer uma pós-graduação de Especialização em Cartografia aplicada ao Planejamento Regional. Eu tinha 26 anos e fui viver essa experiência que me transformou por completo. Bogotá e o curso me fizeram mapear minha história pregressa e futura. Foi formidável!

Vista aérea de Bogotá, a partir da Torre Colpatria, com a Plaza de Toros e o Planetário da cidade à direita.

Bogotá está sempre na lista de cidades para retornar. De 1996 até 2016 visitei a cidade por cinco oportunidades e ainda hoje mantenho contato com amigos que eu conheci em 1985. Os colombianos são acolhedores, amorosos, festeiros, extravasam uma felicidade contagiante e são solidários em qualquer situação. No caso da queda do avião da Chapecoense, por exemplo, eles provaram ao mundo toda a sua solidariedade.

Além de relatar minhas experiências, vou indicar locais, bairros, museus e pontos de interesse que são imperdíveis em Bogotá, entretanto, afirmo que o melhor é conviver um pouco com os moradores locais e assim sentir todo o seu carinho e hospitalidade. Eu posso fazer contato com meus amigos mais próximos de Bogotá, caso algum visitante queira viver essa fantástica experiência. Alguns de meus amigos brasileiros já puderam usufruir da vida cotidiana em Bogotá e gostaram tanto que retornaram. Quem se habilita?

Bruno e Marcos, amigos e professores de Geografia que amam Bogotá, e Sonia Abaunza, querida amiga colombiana que conheci em 1985.

Bogotá é uma cidade amistosa e aconchegante e tem muito a oferecer aos visitantes. Gosto de muitas dessas diferentes possibilidades da cidade, mas nesta postagem me dedicarei a relatar as principais, tais como: o Transmilênio, a Igreja de São Francisco, o Museu do Ouro, os bairros de Las Aguas e La Candelária, a Plazoleta Chorro de Quevedo (local da fundação da cidade em 1538), o Museu Botero, o Centro Cultural Gabriel García Marquez e a Casa Natal de Rufino José Cuervo.

Com uma população de mais de sete milhões de habitantes, Bogotá é uma grande cidade, logo, nas horas de rush, tem-se a ideia de desorganizada, entretanto, o transporte público com os ônibus do sistema “Transmilênio” é bastante eficiente e cobre toda a cidade. Claro que nos horários matutinos e vespertinos o sistema fica demasiadamente concorrido, mas não há confusão. Eu sempre me utilizo desse serviço.

O transporte público de Bogotá com os ônibus do sistema “Transmilênio”.

Antes de entrar no Museu do Ouro, indico conhecer, caso se encontre aberta, a belíssima Igreja de São Francisco, a igreja mais antiga de Bogotá, que foi construída entre 1550 e 1595. Ela, infelizmente, foi destruída pelos terremotos de 1743 e 1785, mas teve sua restauração concluída em 1794.

A Igreja de São Francisco, bem próxima do Museu do Ouro.

Foto do site: https://es.m.wikipedia.org/wiki/Archivo:Iglesia_de_San_Francisco._Bogot%C3%A1.jp

O Museu do Ouro de Bogotá, localizado no centro, é um dos pontos mais visitados da cidade, portanto, reserve um bom tempo para poder caminhar com calma pelos seus vários andares. Os objetos e peças em ouro e outros artefatos históricos são valiosos, e as exposições vão demarcando os períodos de apogeu das diversas etnias pré-colombianas que habitaram diferentes pontos do território da atual Colômbia. Realmente é um belo museu.

Objetos em ouro do Museu do Ouro de Bogotá.

Uma peça bem representativa para o povo colombiano é “A Balsa da Oferenda”, que era usada pelo cacique muisca (etnia indígena que habitava a região da atual Bogotá) para ofertar e jogar peças de ouro e outras oferendas nas águas da lagoa de Guatavita, na savana de Bogotá. Esse ato tinha o objetivo de pactuar com a “mãe natureza” a renovação da vida. A peça é considerada um símbolo de identidade da Colômbia.

“A Balsa da Oferenda”, em exposição permanente no Museu do Ouro.

Após a visita ao Museu do Ouro, caminhe pela Avenida Jimenez de Quesada, chegue a Carrera 2A e desfrute o bairro de Las Aguas. Eu indico o passeio, pois você estará numa área da cidade bem aprazível, e não deixe de ver, por exemplo: a Estátua de Policarpa Salavarrieta (a heroína da resistência colombiana contra o domínio da Espanha), além da moradia dos seus últimos dias em Bogotá: a “Casa de La Popa” (Calle 18 nº 1#71). Passeie também pela Plazuela de Las Aguas, que é linda e sempre bem limpa, depois continue andando até alcançar a Paróquia de Nossa Senhora de Las Aguas. Na caminhada, você encontrará várias moradias coloniais bem coloridas. Tudo é um charme! No início do caminho há o restaurante “Casa Vieja”, de comida típica colombiana, que merece que seja marcada uma visita para um almoço ou jantar.

Paróquia de Nossa Senhora de Las Aguas.

A Paróquia de Nossa Senhora de Las Aguas faz parte do complexo do Convento de Las Aguas, que teve o início de sua obra em 1644, mas foi concluída apenas em 1690. Entretanto, desde 1665, a Ordem dos dominicanos decidiu ocupar o convento mesmo com a obra inacabada. Ao longo da história, o Convento de Las Aguas foi usado como hospital, orfanato e atualmente é ocupado por “Artesanias de Colômbia”. Esse antigo convento é belíssimo, possuindo lindas arcadas voltadas para um pátio central, bem ao estilo colonial espanhol.

Pátio central do antigo Convento de Las Aguas, ocupado por Artesanias de Colômbia.

Foto do site: http://www.artesaniasdecolombia.com.co/

Todas as vezes que estou em Bogotá faço boas caminhadas pelo bairro La Candelária, onde se encontra a Plazoleta Chorro de Quevedo, um local histórico na cidade, já que foi nesse ponto, em 1538, que um conquistador espanhol, após fixar um assentamento militar, fundou a cidade.

A Plazoleta Chorro de Quevedo tem esse nome em louvor ao padre Augustin de Quevedo, que, em 1832, adquiriu o terreno, construiu uma praça e instalou ao centro dela uma fonte que jorrava água. Chorro, em espanhol, significa jato, então, ao traduzir, temos: Praça do Jato de Quevedo.

A Plazoleta Chorro de Quevedo, com a fonte d’água, em dia de festa.

La Candelária é o coração da capital da Colômbia, um bairro colonial onde estão localizadas muitas das principais atrações turísticas da cidade. O colorido das casas é de uma beleza incrível e muitos ficam encantados com os diferentes tipos de grafites que ornam os muros do bairro. A maior parte das ruas é estreita, convidando a percorrê-las a pé para que se apreciem os detalhes das construções coloniais e dos edifícios modernos que convivem em uma perfeita simbiose arquitetônica.

Ruas estreitas e casas coloniais bem coloridas do bairro La Candelária.

Ainda no bairro La Candelária encontra-se o Museu de Fernando Botero, um dos mais famosos pintores colombianos da atualidade. O museu, instalado numa mansão colonial, exibe uma exposição de arte internacional, bem como uma importante mostra de mais de 100 trabalhos de Fernando Botero. Se puder, visite todas as galerias do museu e depois, bem perto, passe no Centro Cultural Gabriel García Marquez, um complexo cultural com restaurantes, café, galeria, jardim e, como não poderia faltar, uma ótima biblioteca, já que o local é em homenagem ao Nobel de Literatura.

Pátio central da mansão colonial que abriga o Museu Fernando Botero.
Obras de Fernando Botero

Para terminar esse passeio por Bogotá, ainda indico uma visita à incrível Casa Natal de Rufino José Cuervo, localizada no bairro La Candelária, na Calle 10 nº 4#69, bem próximo do Museu Botero. Cuervo foi um importante escritor colombiano.

Belo pátio central da Casa de Rufino José Cuervo.

Espero que tenha gostado do passeio por Bogotá. Eu já estou planejando voltar no final de 2020. Não é uma viagem cara, e viajando comigo você terá o prazer de conhecer muito mais do que por ora apresentei. Vamos?

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2 thoughts on “Bogotá – onde vivi muitas experiências”

  1. Bogotá é uma cidade verdadeiramente incrível, e o povo colombiano muito acolhedor. Já visitei a cidade três vezes e quero voltar. Foi Ronaldo que me apresentou Bogotá e a seis amigos e, por isso, tenho uma eterna gratidão.

    1. Obrigado pelos seus comentários Bruno, eu estou fazendo todo o esforço de descrever os territórios de maneira que cada um sinta como se estivesse viajando e se emocionando comigo. Na Colômbia e em Bogotá eu me emociono muito, pois lá existem amigos incríveis.

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