Paris é, sem sombra de dúvida, para mim, a cidade mais linda do mundo. Em 1995, quando estive lá pela primeira vez, fui arrebatado por uma paixão fulminante. Eu não tinha ideia de quão esplendorosa era Paris (clicar para ir ao mapa de sua localização), e naquele momento o impacto foi enorme! Cheguei de Roma muito cansado e fui direto para o hotel, que se localizava próximo à Gare de Lyon, região leste da cidade. Naquele início de anoitecer, no verão, a guia propôs ao grupo um passeio pela região mais cobiçada pelos turistas internacionais, iniciar conhecendo a Catedral de Notre-Dame, e depois, de ônibus, circundar o Jardin des Tuileries, desde a rue de Rivoli, passando pela Place de la Concorde e, em seguida, margear o rio Sena. Foi um impacto inesquecível!!!
O roteiro do ônibus foi fantástico, saímos da rue de Rivoli, na lateral norte do Museu do Louvre, em direção à Place de la Concorde (clicar para ir ao mapa de sua localização). Eu, bem posicionado no lado direito do ônibus, comecei a ficar extasiado com tudo o que via: o obelisco da Place Vendôme, as lindas colunas coríntias de 20 metros de altura da bela fachada da Igreja de Madeleine e, quando o ônibus se aproximou da iluminada Place de la Concorde, as águas da bela Fontaine des Mers faziam uma linda dança perto do Obélisque de Louxor, que se destacava na praça. Ao longe pude ver a Torre Eiffel, que parecia piscar somente para mim. Emoção pura, soluço, alegria e uma sensação de bem-estar inexplicável. Paris transforma as pessoas!
Já estive em Paris, desde essa primeira viagem em 1995, por mais 7 vezes, mas o interessante é que me recordo que somente entrei de fato no famoso cemitério de Père-Lachaise (clicar para ir ao mapa de sua localização) por duas vezes, em 1995 e agora em 2022. Em 2018 tentei mostrar o cemitério mais visitado do planeta a um amigo, mas estava chovendo muito e, ao mesmo tempo, ele disse que tinha sensações estranhas nesses locais fúnebres, então voltamos da porta de entrada. Não vejo dessa forma, muito pelo contrário, e em 1995 fui levado por outro amigo para conhecer as mais famosas lápides do Père-Lachaise. Adorei a visita e digo que até hoje tenho lembranças daquele dia, e embora as fotos não sejam digitais, tentarei apresentá-las por aqui.
Imagino que algumas pessoas achem isso meio mórbido, mas vários cemitérios tornaram-se pontos turísticos. Eu, particularmente, adoro e já fui em vários. Gosto de passear entre os túmulos antigos, comparar a simplicidade de alguns com a suntuosidade de outros, apreciar as esculturas, observar como o tempo agiu sobre o material usado em sua estrutura, se há flores novas indicando que aquele é um túmulo visitado, ver em que época viveu a pessoa que está ali enterrada, calcular se morreu jovem e pensar no que poderia ter causado sua morte: doença, guerra, amor não correspondido… Enfim, é meio mórbido mesmo, mas tem seu valor histórico e artístico. Além disso, alguns cemitérios são, como este, praticamente parques onde se pode passear com calma e em silêncio.
O Cimetière du Père-Lachaise, localizado na rue du Repos, nº 16, é o maior cemitério de Paris. O terreno foi comprado pela cidade em 1804 e estabelecido como cemitério por Napoleão Bonaparte. O primeiro enterro foi de uma garota de apenas 5 anos, Adélaïde Paillard de Villeneuve, cujo túmulo não existe mais. Como estava distante da cidade, localizado no 20° arrondissement, e não era abençoado pela igreja, poucos funerais foram realizados no primeiro ano – apenas 13. Com o objetivo de atrair a atenção da população, os administradores organizaram a transferência dos restos mortais de Jean de la Fontaine e Molière para lá, com grande fanfarra. A estratégia funcionou, despertando interesse nas famílias de enterrarem seus mortos próximo ao túmulo de pessoas famosas. Em 1830, mais de 33 mil pessoas já descansavam ali. Há, hoje, mais de um milhão, além das cinzas dos cremados.
Daqui em diante vou listar alguns túmulos do Père-Lachaise, citando a importância desses famosos personagens da história francesa e até mundial e indicando sites que você possa ter acesso a sua biografia. Passei uma manhã inteira caminhando por esse enorme cemitério e, munido de um mapa, fui localizando as lápides nessa ordem aqui abaixo:
1 – Camille Pissarro (clicar para ver a biografia) – pintor impressionista por quem tenho grande afeição.
2 – Jim Morrison (clicar para ver a biografia) – cantor americano que morre em Paris.
3 – Gilbert Becoud (clicar para ver a biografia) – ator e cantor francês.
4 – Molière (clicar para ver a biografia) – dramaturgo francês, famoso por suas comédias satíricas.
5 – Jean de la Fontaine (clicar para ver a biografia) – escritor francês de famosos contos infantis.
6 – Sarah Bernhardt (clicar para ver a biografia) – famosa atriz dramática francesa, visitou o Brasil por 4 vezes.
7 – Edith Piaf (clicar para ver a biografia) – grande e encantadora cantora francesa.
Eu adoro Piaf e sempre busco o seu jazigo. Sinto que ela ainda está viva, com sua voz, suas músicas e sua energia.
8 – Modigliani (clicar para ver a biografia) – pintor italiano de origem judia que morreu em Paris aos 35 anos.
O interessante é que sua morte foi num 24 de janeiro, a data do meu nascimento, só que 39 anos mais tarde.
9 – Oscar Wilde (clicar para ver a biografia) – grande “dândi” e escritor britânico cujos últimos anos de vida foram em Paris.
Para muitos biógrafos, Oscar Wilde foi um escritor conhecido por sua enorme sagacidade e ironia, que se utilizava da força das palavras de forma bem mordaz, e também pelas vestimentas extravagantes de um “dândi”, pela habilidade de conversação e de ditos espirituosos e ricos em cinismo e sarcasmo. Debochava da elite, mas convivia com ela. Wilde tornou-se uma das personalidades mais famosas de sua época.
Um relato desse espirituoso escritor:
“Importante escritor e poeta britânico, é autor de clássicos. Escreveu dramas, novelas, poesias, contos infantis e O Retrato de Dorian Gray, o seu único romance, que é considerado notável e que foi publicado em 1891. Nasceu em Dublin no dia 16 de outubro de 1854. (…). Desde cedo mostrou que era brilhante. Se destacou na vida acadêmica ganhando prêmios na escola e, na universidade, (…). Teve uma vida extravagante, o que o teria levado a ser preso em 1895. Sua pena, de dois anos de prisão, incluía trabalhos forçados. Oscar Wilde teria sido acusado de cometer atos imorais com um rapaz que se suspeitou fosse seu amante. (Esses trechos foram retirados do site: https://www.todamateria.com.br/oscar-wilde/).
Para aqueles que forem a Paris, indico que façam uma pesquisa mais detalhada sobre o cemitério Père-Lachaise, num site próprio, com a história, visita guiada, lista de 250 personalidades e muito mais. É muito interessante: https://pere-lachaise.com/.
Para um viajante que gosta de esmiuçar mais detalhes numa visita, indico o guia de turismo Adilson Guaiati (instagram: @sempreparis; e-mail: adilsonsempreparis@gmail.com).
Marque uma ida a Paris, apaixone-se por suas expressivas igrejas, seus monumentos, suas avenidas e por essas veredas e alamedas do Père-Lachaise. Não é um passeio mórbido. Pelo contrário, é histórico, cultural e turístico. Se já o conhece, escreva aqui, ao final do post, o seu comentário.
Em um cemitério como esse se encontra a história de muitas gerações que tiveram seu lugar no mundo. Na verdade, se revive várias histórias numa visita a esse cemitério. Sou curioso e nesses lugares não só revive-se histórias como se amplia o conhecimento.
Nivaldo. Que bom que você gostou. Aguarde em janeiro mais posts da França, um de Paris, do quartier de la Mouzaïa e outro de Antibes, da Côte d’Azur…..
Artigo perfeito!! Paris é tudo isso mesmo!! E o cemitério realmente não pode faltar num roteiro na cidade. Amo Paris, principalmente no inverno!!
Gisele. Que bom que você gostou. Aguarde em janeiro mais posts da França, um de Paris, do quartier de la Mouzaïa e outro de Antibes, da Côte d’Azur…..