Ao definir um roteiro em 2019 pela Grécia, já sabia que, dentre as ilhas a serem visitadas, a ilha de Paros (clicar para ir ao mapa de sua localização) era certa no meu percurso, por inúmeras vantagens, mas principalmente por ter ficado encantado com as belas vilas gregas na ilha, como: Lefkes, Piso Livadi, Parikia, Marpissa e outras. Defini então que precisava de quatro dias para poder conhecer com calma todas as vilas de Paros. Essa foi a primeira escolhida dentre as ilhas gregas no meu roteiro, então tive que analisar bem o translado entre o porto de Pireus e o conjunto das ilhas Cíclades. Aos poucos, ao elaborar o planejamento da viagem, percebi que não poderia conhecer outras ilhas que ficassem tão distante de Paros, já que nem todas as ilhas gregas se interligam com facilidade por uma mesma linha de ferry boat. Então, confirmei que além de Paros iria conhecer a ilha de Ios (clicar para ir ao mapa de sua localização) e Santorini, pois as três estão na mesma rota do ferry boat que sai do porto de Pireus, passa por Paros, depois Ios e por fim também me levaria a Santorini. Que tal começar a sentir a beleza de Paros.

Rua Vassílios Gravaris no coração da vila de Parikia, uma capela ortodoxa e dois arbustos de lindas flores gregas.
O Pirate Bar a partir da porta do Dina Hotel e à direita o arbusto de flores gregas.
A lateral da capela ortodoxa sendo utilizada como um lounge do Pirate Bar à noite.

No primeiro post de Paros pus poucas fotos e assim ficou incompleto, e então nesse eu espero surpreender um pouco mais com a beleza dessa ilha. As três fotos anteriores são no coração do povoado tradicional de Parikia, o porto e a maior vila da ilha de Paros. O nome das ruas no Google maps é impresso em grego e fica difícil identificar, mas as fotos ficam no cruzamento de duas ruas, num largo onde estão o Pirate Bar (https://www.instagram.com/pirate.bar.paros/), que deve ser a Street Market, uma capela ortodoxa e o Dina Hotel (http://www.hoteldina.com/), esse na rua Vassílios Gravaris. Mas o importante é ter um dia para caminhar pelas vielas estreitas com todos os muros e casas pintados com cal branco. Muito lindo.

O bom em Parikia é caminhar pelas ruelas e se surpreender com muros e casas pintados com cal branco.

Vou esclarecer que quando cheguei à ilha de Paros, vindo de Atenas, desembarquei no porto de Parikia e fui direto para o Hotel Fisilanis, localizado na praia de Logaras, do outro lado da ilha. A escolha do hotel foi por conta de vários fatores: localizado em frente ao mar, com restaurante, bom preço com café da manhã e por estar próximo da vila de Lefkes, que queria conhecer, mas onde os hotéis eram bem caros. Mas ficar em frente ao mar foi o mais importante para que eu pudesse usufruir e descansar ao sol em algum momento.

Somente no terceiro dia de estadia na ilha voltei à vila de Parikia, e de tanto caminhar, em algum momento me perdi, ou melhor, achei o paraíso. No caminho encontram-se pequenas passagens em arcos com tetos de toras de madeira bem antigas que sustentam uma moradia no segundo piso. Um charme.  

Pequenas passagens em arcos com tetos de toras de madeira antigas em Parikia.
Em Parikia as passagens com arcos são um charme, e são boas para refrescar nos dias de muito Sol.

Cada uma das vilas da ilha de Paros tem suas peculiaridades: Parikia, a capital, é encantadora, com suas vielas estreitas de assoalho de pedras unidas com massa branca e a brisa marinha é um elemento presente a todo instante, fazendo de Parikia uma vila com leve aroma marinho no ar. Portanto nada mais se tem a fazer senão caminhar por suas lindas e bucólicas ruelas, encantando-se com as belas casas caiadas de branco, com a presença de frondosos bougainvilles de diversas cores e ir descobrindo em cada esquina uma lojinha, um bar ou café para descansar e se refrescar, como o Symposium Café (https://www.cafesymposium.gr/), onde depois de tirar a foto que vem a seguir, sentei-me e pedi uma sangria grega e um crepe “Paros” de frango com bacon. Uma delícia.

O simpático Symposium Café, na rua Mantws Mayrogenoys nº 28, acolhe seus clientes embaixo de um caramanchão de flores trepadeiras.
Vielas estreitas de assoalho de pedras unidas com massa branca e um lindo e frondoso bougainville. Assim é Parikia.
Belas casas caiadas de branco, portas de diferentes cores e os belos arbustos fazem de Parikia um lugar encantador.

Depois da leve comida num local aconchegante e bem movimentado de turistas, fui caminhando pela rua Lochagoi Georgioi Gravari, nome confuso em grego, mas é uma rua que me levou na direção da orla de Parikia pois queria alcançar a colina onde se localiza a Igreja Ortodoxa de Ágios Konstantinos, que é uma bela igreja e um monumento importante da ilha, devido ao seu valor arquitetônico. É uma basílica de nave única e abobadada, com sua cúpula exterior pintada num lindo tom de azul, como a maioria das igrejas gregas e sua parede à direita é suportada por três colunas que formam quatro arcos que acaba sendo a característica mais singular da igreja em termos de desenho. A parte interna da igreja é decorada com mármore, madeira e murais. É certamente um dos edifícios mais interessantes da ilha de Paros para visitar e, exceto por sua bela arquitetura, o local onde se encontra a Ágios Konstantinos também oferece uma linda vista para a baía do porto e onde ocorre o mais lindo pôr do sol da ilha. Antes de passar às fotos separei esse vídeo num sobre voo da Igreja Ortodoxa Ágios Konstantinos.

Ortodoxa de Ágios Konstantinos em destaque com a sua cúpula azul.
Bela fachada da Igreja Ortodoxa de Ágios Konstantinos, em Parikia.
O mirante da Igreja Ortodoxa de Ágios Konstantinos é local onde ocorre o mais lindo pôr do Sol da ilha de Paros.

A Igreja Ortodoxa de Ágios Konstantinos foi erguida no local onde anteriormente se encontrava um templo dedicado à deusa Atenas, entretanto hoje se vê apenas parte ao lado da igreja, pois juntamente 3/4 da estrutura original, foi destruída quando a encosta oeste da colina desabou em direção ao mar num tremor de terra em Paros. O Archaic Temple of Athena (Templo de Atenas), patrona da ilha, foi construído entre 530 e 520 A.C.

Lindas moradias no lado oeste da Igreja Ortodoxa de Ágios Konstantinos.
Próximo da Igreja Ortodoxa, a porta da entrada de antigas moradias com lindas flores.

Durante o percurso pelas vielas de Parikia, e bem próximo da Igreja de Ágios Konstantinos, não pode deixar de ver o pitoresco “Castelo Franco” (Frankish Castle), que estudiosos afirmam que sua construção ocorreu na segunda metade do séc. XIII quando os cruzados venezianos passaram por Paros e sentiram a necessidade de erguer fortalezas que servissem como pontos estratégicos de proteção contra invasores e de bases seguras para a passagem da frota comercial. Na construção do Castelo Franco os venezianos decidiram utilizar de peças de antigos templos gregos, com o uso de pedras, blocos e lascas de mármores e outras rochas. O Castelo Franco tem seu nome pelo fato de que os povos do oriente, no caso os bizantinos e os helênicos, chamavam todos os cruzados  ocidentais pelo nome de francos, mesmo que tenha sido a República de Veneza que tomou posse de Paros e de outras ilhas Cíclades de 1207 até 1537. A bela ruína do Castelo Franco.

O Castelo Franco foi erguido em camadas e incorporando peças de antigos templos gregos, como pedras e blocos de mármores e outras rochas.
Junto com as ruínas do Castelo Franco, também existem restos dispersos de antigas residências e sempre com lindos arbustos floridos.

Hoje em Paros existem 450 igrejas, das quais 150 estão localizadas nas vilas urbanizadas e as 300 restantes são igrejas rurais, no campo. A maior parte das igrejas ortodoxas gregas da ilha foram construídas depois do séc. XVII e são feitas de xisto e mármore que existem em grande quantidade em Paros, bem como de peças de mármore provenientes de monumentos bizantinos ou dos antigos templos gregos. No passeio por Parikia visitei a imponente Igreja de Ekatontapyliani (também conhecida como Igreja das 100 portas). É uma das igrejas cristãs ortodoxas importante na Grécia e se encontra muito bem preservada. A história da igreja se confunde com algumas narrativas mitológicas gregas, no caso do Templo de Ekatontapyliani diz a lenda que a igreja tem na sua estrutura 99 portas abertas e visíveis ao visitante, entretanto a centésima está fechada e não é visível. Será vista e aberta quando os gregos retomarem a cidade de Constantinopla, atual Istambul na Turquia. Essa lenda é simbólica da rivalidade entre gregos e turcos.

Igreja de Ekatontapyliani, em Parikia.
Imagem da parte lateral e sul da Igreja de Ekatontapyliani, em Parikia.
Capela das mais antigas no interior da Igreja de Ekatontapyliani, em Parikia, provável do séc. V ou VI. Veja como as colunas estão desgastadas.

Algo que eu mesmo me confundo diz respeito a organização interna e a distribuição dos elementos sacros das igrejas ortodoxas, pois eles têm diferenças com as igrejas católicas, começando pelo santuário, área reservada aos padres, que no caso das igrejas ortodoxas fica escondido por trás de um grande biombo ou painel decorado com pinturas dos santos, sendo denominado de iconóstase, pois apresenta pinturas dos ícones ou santos do credo religioso ortodoxo. Os biombos são bonitos e coloridos com detalhes dourados que chamam bastante atenção dos visitantes. Em Parikia visitei a Igreja Ortodoxa Pammegiston Taxiarchon (clicar para ir ao mapa de sua localização e mais fotos), uma das mais antigas igrejas ortodoxas da ilha de Paros e que tem um lindo biombo iconóstase.  

Belo biombo iconóstase da Igreja Ortodoxa Pammegiston Taxiarchon, que fica na rua Lochagou Kourtinou.
A Igreja Ortodoxa Pammegiston Taxiarchon ou com a melhor tradução Igreja Paroquial dos Santíssimos Brigadeiros, fica na rua Lochagou Kourtinou.

Antes de comentar sobre o local onde fiquei hospedado na ilha de Paros, vou indicar a forma prática que fiz para chegar ao porto de Parikia. A melhor opção quando se chega a Atenas, no terminal do aeroporto é pegar o ônibus X 96 que vai direto ao porto de Pireus, o principal porto que liga Atenas às ilhas Cíclades com embarcações conhecidas como “ferry boat”. Para quem planeja conhecer alguma das ilhas gregas, outra opção seria ir de avião desde Atenas, que é melhor ainda, entretanto é mais caro e precisa comprar com antecedência. Passando então por Pireus, outra dica é reservar um hotel por uma noite, já que o embarque para a ilha de Paros é muito cedo. Existem muitas empresas de ferry boats que fazem o trajeto para as várias ilhas gregas, mas eu embarquei no ferry “Blue Star Ferries” que faz o percurso do porto de Pireus até a ilha de Paros. A viagem foi ótima e tranquila.

O ferry boat “Seajets” no porto de Pireus que faz trajetos para as ilhas gregas.
A empresa de ferry boat “Blue Star Ferries” faz o percurso do porto de Pireus até a ilha de Paros.
Os lindos tons de azul da bandeira da Grécia e do mar Egeu, no Mediterrâneo.

Logo que cheguei ao porto de Parikia fui direto com um transfer para o Hotel Fisilanis, localizado na praia de Logaras, do outro lado da ilha. Foi um pouco precipitado reservar o transfer com o hotel, pois depois vi que o horário de um ônibus confortável era compatível com a chegada do ferry ao porto. Mas foi prático. No hotel fiquei hospedado por quatro dias, logo sua escolha foi pelo bom preço, por ter café da manhã, se localizar em frente ao mar e também por ter o hotel um bom restaurante, onde almocei a boa comida grega, uma das minhas prediletas, assim que cheguei a Logaras.

O restaurante do Hotel Fisilanis, com uma boa comida grega, em Logaras.
Praia de Logaras, em frente ao Hotel Fisilanis.

Um lugar encantador, bem próximo do Hotel Fisilanis, é Piso Livadi, uma pequena vila de pescadores, com ar limpo e que à noite recebe visitantes que desfrutam de alguns bons restaurantes à beira-mar. Dos quatro dias na ilha, na maioria das noites era em Piso Livadi que eu buscava um bar ou restaurante para encerrar o dia, que ao certo havia sido cheio de belos passeios relaxantes para receber as carícias do sol, do vento, do mar e da areia. A energia das ondas do mar por toda a orla da ilha de Paros me fez lembrar de um trecho do lindo poema “a ilha” do jovem poeta Felipe Ribeiro (@felipevol.2).

Não precisa construir uma voz, toma emprestado das ondas. Em seu litoral, cada vaga um som diferente – como se, de repente, a ilha libertasse grito ancestral.

Às custas de seu flanco, ondas lambem a orla.

As ondas quebram na praia.

Barcos pesqueiros e um restaurante à beira-mar, na vila de pescadores de Piso Livadi.
Capela Ortodoxa de Ágios Nikolaos, na vila de Piso Livadi.
O litoral escarpado da ilha de Paros pode ser visto a partir do mirante da capela de Ágios Nikolaos.
Típico barco pesqueiro no porto de Piso Livadi.
Pequena enseada da praia de Piso Livadi com barcos de passeio.

Um dia, depois de jantar e beber um drink em Piso Livadi, numa noite de lua cheia, cheguei ao Hotel Fisilanis e me deu uma vontade enorme de banhar-me sob aquela bela lua na praia de Logaras, então corri ao quarto, coloquei o calção de banho e dei um mergulho. Foi uma limpeza de corpo e alma. Esses momentos ficam sempre guardados na memória de um viajante. Me dei o direito de não colocar a foto desse banho de mar na ilha de Paros, mas se caso queira ver no particular, me solicita que eu remeto.

Bela lua cheia que me fez banhar sob aquela forte luz na praia de Logaras.

Mas o normal era que, após as noites tranquilas na vila de Piso Livadi, caminhava feliz para Logaras por uma estrada à beira-mar, subindo uma suave colina. E depois, ao descer, ia descansar no quarto do hotel, certo de que outro dia chegaria tão lindo quanto aquele que terminava. Os dias eram plenos de sol, luz, sons e cheiros, onde a fauna local se fazia presente com cigarras, grilos, andorinhas, tentilhões, gaivotas e outras aves marinhas. Essa é a sensação e a beleza que a ilha exala. Planeje uma viagem à Grécia e inclua Paros. 

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8 thoughts on “O encantamento da ilha de Paros- Grécia.”

  1. Ronaldo, com suas histórias, parece nos aproximar e nos fazer sentir no lugar. Chego, até, a sentir os cheiros e o bater das ondas.

    1. Maria Helena. O cheiro e o bater das ondas você sentiu, não somente por minha descrição, mas pelas estrofes do poeta Felipe Ribeiro….

  2. Preciosa e completíssima essa narrativa do Ronaldo. Vontade de embarcar agora, e se possivel com esse guia.
    Esse maravilhoso professor não reduz a sua apresentação do lugar, descrevendo, meramente, os passeios turísticos, mas os enriquece e fortalece muitíssimo ao contar suas histórias e “causos”. O melhor guia para turismo cultural que conheço.

    1. Tania, amiga e seguidora. Obrigado pelo seu comentário carinhoso. Eu ainda pretendo voltar à Grécia e visitar outras ilhas assim como Paros, pouco badaladas mas que são surpreendentes.

    1. Alex, hoje, segunda meu SEO postou (assessora nas postagens, elaborou o site e otimiza as visualizações), mas ainda precisa acertar uns 5 pequenos problemas na revisão de lincagens e posição de fotos, mas o texto e as 33 fotos estão todas ok, e são todas minhas, creio que apenas umas 3 são de sites que disponibilizam fotos free. Que bom que você gosta de Paros… Você conhece???? Eu adorei, fiquei 4 dias em 2019.

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