Quando planejei uma viagem pela Provença Francesa, em outubro de 2015, selecionei, entre as cidades que tinha vontade de conhecer, Arles, Bonnieux (clicar para ver o post dessa cidade), Gordes e, a que mais queria visitar, Saint-Rémy-de-Provence. Atualmente a cidade provençal ainda mantém um pequeno centro histórico com ar medieval, onde se destacam casas com janelas de madeira rústica, singelas cortinas e vasos com flores coloridas. O que mais me recordo do passeio por Saint-Rémy, num lindo dia de sol, foi apreciar as janelas coloridas abertas, e à medida que as adorava nutria curiosidade em ver, por entre as frestas, a vida cotidiana dos moradores dessa elegante cidade. Com esse espírito quero levá-lo a aguçar o desejo de conhecer Saint-Rémy, pois eu tenho vontade de voltar, o que talvez aconteça um dia.
Saint-Rémy-de-Provence está localizada no coração da Provença, a cerca de 22 Km de Avignon, 25 km de Arles (clicar para ver o post dessa cidade), 38 km de Salon-de-Provence e uns 90 km de Marselha, cidade onde se localiza o principal aeroporto da região. A comuna de Saint-Rémy, ou município, como é definido na divisão administrativa do Brasil, é alcançada por boas autoestradas francesas, como a A-7, a A-9 e a A-54, logo, chegar lá, seja de carro ou ônibus, é muito fácil. Entretanto, são as estradas simples de mão dupla (rodovias secundárias) que chegam até o centro urbano da cidade, como a D-5, a D-99 e a D-571, por essa última cheguei à cidade de ônibus desde Avignon, com desembarque num terminal na Praça da República. Muito cômodo.
Mapa com Saint-Rémy-de-Provence na região da Provença
Antes de destacar três pessoas importantes e conhecidas que têm o seu nome associado à Saint-Rémy-de-Provence, quero apresentar pontos importantes do elegante, bucólico e medieval centro histórico da cidade: os portais da antiga cidade medieval, as ruelas estreitas, as praças com as feiras, os cantinhos da cidade, as lojas de produtos típicos. Assim irão ficar apaixonados por essa cidade reconhecida como verdadeira representante da região da Provença Francesa. O estilo provençal na cidade mistura um pouco do estilo romântico com o estilo rústico, trazendo as sensações do campo para a criação de ambientes tranquilos e aconchegantes. A janela provençal é peça importante das moradias de Saint-Rémy, onde o turista fica deslumbrado com as partes de madeira rústica ou de demolição que, abertas, permitem a entrada de ar e claridade.
O próximo trecho de Saint-Rémy é deslumbrante, pois vemos a rue du Huit Mai 1945 (8 de maio de 1945) e o Atelier La Glycine, à direita, no lindo prédio rústico provençal com a parede tomada de flores do tipo glycine, que quando florescem são de um lindo tom lilás. Outro destaque, ao fundo, é a Torre do Relógio da prefeitura.
Mapa do centro histórico de Saint-Rémy-de-Provence.
Como comentei anteriormente, a elegante cidade da Provença Francesa destaca-se pela presença de três personalidades. Vamos conhecer um pouco de cada uma:
1 – Nostradamus
No centro histórico de Saint-Rémy-de-Provence, em 1503, nasceu Michel de Nostredame, mais conhecido como Nostradamus, nome que vem do avô judeu, Pierre de Nostradamus, que se converteu ao catolicismo em 1455. O famoso personagem é bastante controverso, pois, no transcorrer da história, ora é alcunhado como profeta, ora como impostor, já que existem hipóteses, para muitos estudiosos, de que as edições da obra intitulada “Profecias” não são idênticas ao tal texto original, que se comprovou perdido. Não importando quem tenha sido Nostradamus, pois há dúvidas até de sua formação como médico, ainda hoje muitos curiosos vão à rue Hoche, nº 6, no centro histórico de Saint-Rémy, fotografar a casa onde o alquimista, profeta e astrólogo nasceu.
A comunidade judaica de Saint-Rémy-de-Provence viveu e prosperou na cidade nos sécs. XV e XVI e, como é tradição do judaísmo os mortos serem enterrados de preferência em solos próximos ao local onde viveram ou nasceram, é natural haver um cemitério judaico em Saint-Rémy. Hoje ele abriga sessenta túmulos, encontra-se fechado e é protegido como monumento histórico; e teve seu último sepultamento em fevereiro de 1910.
2 – Van Gogh
O pintor Vincent van Gogh internou-se no Mosteiro de Saint-Paul de Mausole de 8 de maio de 1889 a 16 de maio de 1890. Graças à humanidade e métodos inovadores do tratamento médico da época, o artista teve a possibilidade de continuar pintando durante sua estadia no mosteiro, que há muitos anos vem sendo um asilo para tratamento de doentes psiquiátricos. Muitas de suas obras-primas foram criadas a partir do olhar que Van Gogh vislumbrava da janela de sua alcova, de suas memórias e do entorno do mosteiro. Van Gogh ocupou, durante 53 semanas, um quarto no “pavilhão dos homens”, além de se beneficiar de um segundo compartimento que lhe servia de ateliê e de um terceiro espaço para guardar as suas pinturas, que consta ter chegado ao expressivo número de 150 telas. Ele ficou internado após o acontecido caso de ter cortado a própria orelha e lá ficou hospitalizado até sua morte, em 16 de maio de 1890.
Foto do site: https://www.10cose.it/provenza/saint-remy-de-provence-provenza
3 – A família do Marquês de Sade.
Em 1513, Balthazar de Sade mandou construir um palacete num estilo que combina os repertórios gótico e renascentista. A aristocracia francesa construía mansões que ocupavam mais de um quarteirão, com muros alto, que são conhecidas por “Hôtel”, cuja melhor tradução é “hotel”, como sendo um local para hospedagem. Entretanto, a expressão “hôtel particulier” é empregada para definir as mansões utilizadas por famílias nobres. Nesse caso, a mansão da família Sade é conhecida como “Hôtel de Sade” e atualmente é gerida pelo goverrno francês como um museu que abriga as coleções arqueológicas de Glanun, sítio romano que fica ao sul de Saint-Rémy-de-Provence.
Localizada no coração da cidade velha de Saint-Rémy-de-Provence, essa mansão privada encarna o poder da família Sade, enobrecida pelo Papa no século XIV. O famoso Marquês de Sade (1740-1814) é um dos muitos descendentes do construtor da mansão, mas nunca viveu lá. O marquês do sadismo cresceu não muito longe dali, no Château de Saumane (Vaucluse), onde teria sido iniciado na vida libidinosa pelo tio. Marquês de Sade viveu parte de sua vida no Château de Lacoste, localizado na cidade de Lacoste, onde se refugiava para escapar das perseguições que sofria devido às críticas suscitadas aos seus escritos. Para conhecer melhor o “Hôtel de Sade” de Saint-Rémy, busque o site oficial: http://www.hotel-de-sade.fr/Explorer/L-hotel-de-Sade
Como agora já conhecem um pouco mais sobre o centro histórico de Saint-Rémy-de-Provence, acho importante que entrem e viajem no Google Maps. Caso não tenham familiaridade com ele, indico utilizar o Street View, que é uma ferramenta na qual o boneco navegador, que se encontra na margem inferior direita, nos leva a caminhar por todas as vias e pontos importantes do território. Mas, para isso, é necessário que você amplie o mapa, clicando na janela à esquerda em: “Visualizar mapa ampliado”. Viajem!
Mapa do centro histórico de Saint-Rémy-de-Provence.
A Paróquia de Saint-Martin, em louvor a São Martinho, domina a Place de la République. De origem medieval, foi erigida com uma nave acima do altar e a nave central. A primitiva igreja desabou na noite de 30 de agosto de 1818, sendo assim, foi reconstruída no estilo neoclássico, muito marcado pela Antiguidade, e possui um conjunto de colunas dóricas, bem comum na Grécia Antiga, além de um enorme frontão. A torre sineira gótica do séc. XIV permaneceu de pé e foi preservada. O altar-mor e a as colunas internas são em mármore contemporâneo da reconstrução da igreja no início do séc. XIX. Entretanto, o destaque é o belo órgão do séc. XIV, que foi totalmente restaurado em 1982 para que a igreja recebesse o famoso Festival Internacional de música de Órgão (Organa Festival) durante o período do verão. A última programação pode ser vista no site: https://www.frequence-sud.fr/art-49423-festival_organa_saint-remy-de-provence.
Quando cheguei a Saint-Rémy-de-Provence fiquei um pouco preocupado com os custos, pois a cidade faz parte de um circuito de turistas de luxo, então procurei um restaurante com “plat du jour”, mas que fosse simpático. Levantando os preços nos restaurantes em geral, vi que teria que pagar uns 35 euros, no mínimo, o que me assustou, mas costumo resolver a situação de forma bem popular. Sempre pergunto na Oficina de Turismo ou solicito informação a um transeunte, mas em Saint-Rémy nem precisei fazer isso, pois logo me deparei com o restaurante “Da Peppe”, que apesar de ser italiano serve pratos franceses. Adorei o preço e o atendimento, e o menu do dia, completo, saiu por 15 euros, mas ressalto que isso ocorreu em 2015, hoje o preço é outro.
Que tal, então, fazer uma visita a Saint-Rémy-de-Provence? Estou pensando em retornar em setembro, mas, se não for possível, numa nova oportunidade voltarei, pois, apesar de ser um destino caro, é uma elegante cidade, onde não tem preço viver momentos de enorme grandiosidade, principalmente querendo desvendar os mistérios do interior das moradias com suas instigantes janelas provençais. Amo a França!
Imagem de destaque retirada do site: http://littlemissnottinghill.com/2017/07/21/saint-remy-de-provence-travel-guide/.
Tudo muito original; demonstra sensibilidade nos pequenos detalhes. Parabéns 👏🏻👏🏻❤️
Obrigado. Fico feliz que tenha gostado desse post de Saint-Rémy, que fiz com o objetivo de que conheçam e gostem dessa interessante cidade, cheia de segredos: Nostradamus, Van Gogh e Sade. Aguarde novidades.
Quero conhecer este belo lugar
Obrigado. Fico feliz que tenha gostado desse post de Saint-Rémy, que fiz com o objetivo de que conheçam e gostem dessa interessante cidade, cheia de segredos: Nostradamus, Van Gogh e Sade. Aguarde novidades.
Nossa, Ronaldo!!!! Que viagem! Qdo tenho um tempo é sempre um grande prazer fazer essa viagem com vc através de sua narrativa em textos e em fotos. Adorei!!!!
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Maravilhoso! Viajei com os registros!
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Explanação maravilhosa !!! Como sempre , é muito bom viajar com vc no seu blog.
Obrigada !!!
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