Sempre pensei em viver um período, a partir de um intercâmbio cultural, na ilha de Martinica ou Guadalupe, por serem belas ilhas do Caribe francês. Assim, poderia melhorar meu conhecimento da língua francesa numa das ilhas e, pelo que pesquisei, sairia mais barato do que ir para a França. Nunca pude concretizar esse desejo, entretanto pude conhecer o Caribe quando consegui visitar a ilha de San Andrés, que pertence à Colômbia.

A praia Principal de San Andrés.

Para chegar à ilha o melhor é passar pela Colômbia, fazendo escalas por Bogotá ou Cartagena. Eu conheci esse paraíso em 1985, retornei mais 4 vezes e minha última viagem foi em 2016. Como o voo de Bogotá a San Andrés leva quase 3 horas, é possível que se fique em dúvida quanto à posição da ilha no Caribe e se busque uma explicação que comprove o domínio da ilha pela Colômbia. Mas San Andrés pertence à Colômbia desde 1803 e fica no mar do Caribe, à leste da Nicarágua, ao norte do Panamá e ao sul das ilhas Cayman. Para a localização desse pedaço de paraíso no Caribe, indico consultar o Google Maps.

Mapa da ilha de San Andrés.

O Hotel Tiuna se localiza na praia Principal de San Andrés, de frente para o mar.

O Hotel Tiuna, que foi minha opção por duas vezes quando visitei San Andrés, está localizado na praia Principal, com quartos amplos e varandas com uma vista de tirar o fôlego para o marzão do Caribe e de frente para a ilha de Johnny Cay, que comentarei adiante. San Andrés me agrada por ter simplicidade nas ofertas para o turista, preços bem acessíveis, passeios na ilha por transporte público, aluguel de motos ou “chivas” turísticas – um tipo de ônibus colorido montado em chassi de caminhão.

A linda “chiva” de cerâmica da Colômbia.

Na Colômbia, as “chivas” são um transporte extremamente conhecido e virou um símbolo da rica cultura do país. O teto é carregado de caixotes de frutas, cachos de bananas, sacos de milho, sacos de batatas e até animais vivos. Nelas você encontra crianças viajando, choros, amores, canções e ritmos que alegram a viagem nas estradas rurais. Atualmente assumiram um papel atraente, por serem usadas para circuitos turísticos em várias cidades colombianas e em San Andrés, tornando o passeio da volta à ilha bem interessante. Eu coleciono as lindas “chivas” feitas de argila, que se transformam em lindos objetos de artesanato em cerâmica. Tenho 12 chivas. Adoro!

As “chivas” são usadas para circuitos turísticos da volta à ilha de San Andrés.

San Andrés mudou muito entre minha primeira visita, em 1985, e a última, em 2016. Em alguns aspectos, ela acrescentou mais ofertas ao turista, mas o problema é que eles chegaram de forma muito intensa, com pouco controle do governo. Percebe-se nitidamente um aumento do fluxo de turistas, já que pontos de interesse na ilha ficam muito concorridos. Se conseguir viajar entre fevereiro e junho, é possível pegar a ilha mais calma, com os lugares mais tranquilos, pois, como julho e agosto são os meses de férias escolares na maior parte da Colômbia, a ilha fica bem cheia e agitada. E esse fato eu posso afirmar, já que em 2016 passei uma semana do final de agosto e San Andrés não estava nada sossegada. 

A praia Spratt Bigth, em San Andrés, em agosto de 2016 estava bem agitada, com um alto fluxo de turistas.
Na praia Spratt Bigth, o turista fica maravilhado com a beleza do famoso “mar de 7 cores” de San Andrés. Ao fundo, a ilhota de Johnny Cay.

Johnny Cay é algo indescritível, e agora, estando no meu quarto, de frente à tela do computador, escrevendo o que um turista pode vivenciar nesse pequeno paraíso, sinto-me flutuando em suas águas cristalinas que variam do azul ao verde, com leves ondas que não te puxam para o alto mar, mas sempre te balançam em direção à costa. Nunca senti essa sensação em praia alguma.

A praia da ilhota de Johnny Cay te leva a flutuar. É incrivelmente relaxante.

Para se chegar à ilhota de Johnny Cay e ao Acuario, os barcos saem de um terminal chamado de “Muelle Casa de la Cultura”, que simplesmente é um ancoradouro de embarque. Na primeira vez que fiz o percurso fiquei preocupado, pois os barcos fazem o trajeto muito rápido, mas o importante é relaxar, pois eu perguntei aos barqueiros sobre a segurança e fui informado que jamais ocorreu um acidente. As dicas são: levar os objetos numa bolsa ou mochila impermeável e ter uma sapatilha de mergulho, pois na parte da ilha voltada para o alto mar tem muitas pedras. 

O “Muelle Casa de la Cultura” é o ancoradouro de embarque para os passeios aos pontos turísticos no entorno da ilha de San Andrés. Tudo simples!

Que tal embarcar para Johnny Cay? A ilhota não é habitada, mas recebe os turistas e os trabalhadores todos os dias pela manhã. A partir das 16 horas começa o retorno, pois a maré fica um pouco mais agitada. Creio que será bem interessante apresentar Johnny Cay através de fotos sem legenda, pois acho que cada um, ao fazer a sua própria análise, definirá seu próprio conceito sobre essa ilhota.  

A ilhota de Johnny Cay ao longe.
Mais perto.
O “coco loco” da Barraca do Stanly, em Johnny Cay. Cuidado, um “coco loco” é bom, mas com dois desses pode começar um problema.

Antes de apresentar outros atrativos de San Andrés, vou relatar um fato e dar dicas aos desavisados. Em janeiro de 1996 eu fui à Colômbia e ganhei de presente 4 dias de hotel em San Andrés e pela primeira vez fui a Johnny Cay. Eu não conhecia o poder devastador da bebida denominada de “coco loco”, uma mistura de vários destilados, leite condensado, açúcar e caldo de cereja. De tão bom e docinho eu acho que tomei uns quatro ou cinco e não percebi que estava ficando bêbado. Fazia o passeio sozinho, mas eu conhecia um nativo da ilha, que é dono da “barraca do Stanly”, além de ter feito amizade com outros colombianos. Fui ajudado, porém a situação piorou na volta devido o balanço das ondas no barco. Foi horrível, então a dica é: um “coco loco” é bom, a partir de dois talvez seja demais.

Em 1996 conheci a barraca do Stanly, um típico caribenho, e seu love da Dinamarca.
Esse belo campo com coqueiros e todo gramado encontra-se no interior da ilhota de Johnny Cay.
Mapa pictórico distribuído pelo setor de Informações Turísticas. Johnny Cay, praias do Centro, Acuario e Haines Cay estão no mapa, à direita.

Tenho muitas histórias e indicações de San Andrés, por conhecer bem esse paraíso, e acredito que seja um Caribe realmente possível. Ao final do post listarei restaurantes, bares, hotéis e outras dicas, mas chegou o momento de andar na água, com a sapatilha de mergulho, com muito cuidado, e vivenciar um extraordinário mundo aquático. No “Acuario” de San Andrés a profundidade da água chega a quase um metro, mas, com guia, um viajante mais arrojado pode adentrar até o recife de coral e ver maravilhas. Mesmo ali por detrás das cabanas da ilha, fazendo um giro de 180º, as pessoas se sentem como se estivessem em mar aberto. O “Acuario” te faz sentir um ser marinho entre centenas de peixes coloridos.

A ilhota do “Acuario” é o local de embarque e desembarque.
As cabanas da ilhota do “Acuario” são bares simples para beber uma água, pois nos horários de Sol a pico o calor é bem forte. Protetor solar sempre.
O mais incrível da viagem, um mar azul cristalino com lindos peixes coloridos.
Nessa foto um guia orienta um grupo bem mais próximo do recife de coral, num mar verde cristalino. A natureza é fantástica!

Foto do site: https://marketingsimulator.net/mariajimeno/2017/03/05/acuario/

No arquipélago de San Andrés, contando as ilhotas que rodeiam a ilha principal, aquela que realmente fica mais tranquila é a ilhota de Haynes Cay ou Córdoba, que fica ao lado do Acuario. Você pode ir caminhando, sempre com a sapatilha de mergulho, pela água cristalina e bem rasa, é um percurso de apenas 200 metros de distância. Eu faço a opção do passeio pela manhã ao Acuario, curto um pouco os peixes coloridos e depois me dirijo a Haynes Cay, pois em dias calmos você pode ocupar cadeiras de praia de bares que às vezes não abrem. É uma paz. Quando a fome começa a bater eu me dirijo ao bar Bibi’s Place, que oferece um almoço típico, composto de arroz de coco, peixe frito, salada e fruta-pão frito ou banana verde frita.

A ilhota de Haynes Cay, um dos locais mais tranquilo em San Andrés, fica ao lado do Acuario.

Foto do site: https://mundodoturista.com/2018/05/30/colombia-san-andres/

Mesas à sombra, no bar Bibi’s Place, que oferece um almoço típico em Haynes Cay.
Belo campo com coqueiros e com um gramado bem cuidado, macio e verdejante na ilhota de Haynes Cay.
Visão, a partir da ilhota de Haynes Cay, de um navio encalhado no recife de coral. Área de mergulho. Belo contraste entre o céu azul e o mar verde.
No mar do Caribe, na costa de San Andrés, no momento em que o barco volta para o ancoradouro, passa-se perto do bar flutuante Ibiza. Queria ter ficado, mas….

Um outro ponto que eu indico na ilha é a praia Rock Cay, pois é do tipo que eu gosto, praia linda, pouca gente, mescla entre turistas e nativos da ilha, e tudo ocorre com muito respeito e hospitalidade, pois tenha certeza de que os colombianos são um povo muito receptivo e agradável. Esse conceito foi sendo reforçado a cada vez que estive em San Andrés. Nessa praia há uma placa indicando que, à esquerda, o uso é exclusividade de hóspedes, mas o Club de Playa Rock Cay oferece um serviço de day use, ou seja, você pode usar suas instalações sem direito à pernoite, que deve ser reservado com antecedência ou chegar cedo à praia. Vale bem a pena!

Placa indicativa na praia de Rock Cay.
A praia de Rock Cay é calma, com poucos turistas e mais moradores da ilha de San Andrés. Mesmo com nuvens, o sol é forte.
No centro de San Andrés o comércio de importados é bem expressivo.

San Andrés é um local denominado de “porto livre”, assim é um ótimo destino de compras, sabia? A ilha é isenta de impostos alfandegários, e o comércio é pujante, com muitos produtos baratos, mas nem tudo, portanto é preciso rodar um pouco e levantar preços. Eu já comprei por lá relógios da marca Casio, lençóis de 200 ou 400 fios, creme de barbear, anéis e brincos de prata e esmeraldas da Colômbia, perfumes etc. Mas todo cuidado com os perfumes, já comprei um falsificado. O horário de funcionamento do comércio é de 9h às 12h 30min e de 15h às 20h.

A orla de San Andrés, onde se encontram as praias do Centro, é bem urbanizada e suas muretas são bem características, com mosaicos bem coloridos, montados com caquinhos de azulejos. Os temas variam de fundo do mar a imagens abstratas. Nessa orla o turista encontra boas opções de restaurantes, bares, hotéis etc. Costumo indicar os locais que eu frequentei e tive certeza de que não são uma furada. Prefiro apontar lugares acessíveis, onde o custo/benefício é relevante, assim apresento a listagem:

1 – O Hotel Tiuna ou Hotel Blue Reef.

2 – O Restaurante Pelicano, vinculado ao Hotel Tiuna, tem uma boa “bandeja paisa”, um excelente prato típico da Colômbia.

3 – O Restaurante do Hotel Sol Caribe Sea Flower tem almoço e jantar com buffet livre muito bom e com ótimo preço. Não precisa estar hospedado no hotel.

4 – O Restaurante Miss Celia é muito bom e bem indicado.

5 – O bar Beer Station tem uma vista maravilhosa.

Orla de San Andrés durante o dia. As muretas são características, com mosaicos abstratos bem coloridos e montados com cacos de azulejos.
Orla de San Andrés à noite. A área é bem urbanizada e tem muretas com mosaicos coloridos, montados com cacos de azulejos. Nessa se destacam desenhos do fundo do mar.
A praia San Luis é localizada distante do centro de San Andrés, sendo uma boa opção, pois é bem vazia e tem um cordão arenoso extenso.

Para que possa conhecer essa simples, mas bela ilha do Caribe, que tal assistir a um vídeo onde os diferentes pontos de San Andrés são revelados de forma bastante inovadora, após o aperfeiçoamento dos drones para filmagens de sobrevoo? A sensação é extraordinária, em outros posts eu já afirmei que, devido à minha profissão de geógrafo, adoro visualizar os territórios numa perspectiva vista de cima. O vídeo é do grupo “Turismo visto de cima”. Vamos viajar por San Andrés:

Que tal marcar uma visita a San Andrés? Eu havia planejado levar uns familiares à Colômbia depois do Natal de 2020 e fazer um roteiro que já é muito realizado por brasileiros: Bogotá, Cartagena e San Andrés. A pandemia me fez adiar a viagem, mas, assim que for possível, eu volto. Vamos?

Foto de destaque retirada do site: https://marketingsimulator.net/mariajimeno/2017/03/05/acuario/

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15 thoughts on “San Andrés, um Caribe possível”

  1. Riquíssimo o texto. Achei excelente, pude conhecer um pouco San Andrés com ele. Vontade grande de conhecer. Obrigada pelo conteúdo! 👏🏼

    1. Querida sobrinha Karen, quase fomos à colômbia em dezembro de 2020, mas a pandemia nos fez adiar. Iremos um dia. Que bom que você gostou do meu texto de San Andrés. Que tal, é diferente, mas você gosta mais de Punta Cana??

  2. Ronaldo, sua narrativa é tão rica e tão entusiasmada que dá muita vontade de estar ao vivo nos lugares, nos cantos e encantos, contados em seu conto.
    Gostei muito da viagem.
    Bj

    1. Magaly, seguidora do blog, seu comentário foi um colírio para os meus olhos, pois gostei muito quando você escreve: “vontade de estar ao vivo nos lugares, nos cantos e encantos, contados em seu conto”. Adorei e agradeço muito. Se você gostou da post, que tal se INSCREVER NA HOME DO BLOG para ficar por dentro das novidades.

  3. Excelente abordagem !! Sempre tive vontade de conhecer, depois de ler o seu texto e ver essas fotos lindas, fiquei com mais vontade ainda 😍

    1. Isis, querida amiga e seguidora fiel do blog, Se teve vontade de conhecer San Andrés, depois da pandemia se organize e conheça, mas nunca em julho e agosto e só tome dois “coco loco’…

    1. Querida Viviana, seguidora fiel do blog, agradeço seu comentário quanto a minha postagem de San Andrés. Grande abraço!!!

  4. Parabéns! Este olhar meio turístico, meio guia e seguramente geográfico me encanta. Gosto da simplicidade e autenticidade do texto.

    1. Querido amigo Adilson, adorei que você percebe que tenho um olhar bem apurado quando viajo e depois descrevo com muito mais facilidade….Obrigado!!!

    1. Valéria, amiga que vai para Miguel Pereira e não me convida… Que bom que você gostou e realmente é um lugar lindo. O Marcos já foi comigo.

  5. Ronaldo, vc descreve de forma completa e deliciosa. E que vontade de tomar o coco loco. Já estive lá em 2018 e não vi tudo isso que vc descreve. Não dá mais pra ler nenhum outro site de viagem, Adorei

    1. Querida amiga Maria Helena, seguidora fiel do blog, agradeço seu comentário quanto a minha forma de descrever os lugares. Mas se voltar a San Andrés nunca em julho e agosto e só tome dois “coco loco”….

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